Andar descalço em cima de um passadiço e sentir o espaço entre as tábuas dá-me um frisson que me recorda sempre uma travessia que fui obrigado a fazer no meio das árvores debaixo de uma chuva tropical.
Era quase de manhã e o calor era uma espécie de mel. Empastelava-me e, quase que podia sentir a concentração de água em cada poro. Fechar os olhos dava uma dimensão irreal aquele estado e fazia daquele ser, ali encharcado, um insignificante nada.
Talvez pela densidade da sensação, hoje, quando chove, ainda continuo a sentir ao de leve a evaporação da água ao escorrer sobre mim.
E gosto.
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