Há anos que guardo comigo uma frase hermética de tão adjectivada.
Li-a, num dia de verão (sei que era verão porque cheirava a palha), no sotão de uma casa de campo (sei que era no campo pelo barulho do silêncio), numa contracapa dura de um livro azul (sei que o era, embora não me lembre da cor).
Guardei-a e nunca lhe dei uso. Não gosto de citações e ainda menos de falar do que me é imcompreensível. Mas, por estes dias, tenho pensado nela enquanto me concentro para não ter pena de mim próprio e, por isso, talvez a tenha, finalmente, compreendido.
Agora sei definir-me: um personagem sem utilidade nenhuma que guarda uma frase sem interesse nenhum.
De resto, o mundo existe. Eu existo, mas ele não parece reparar.
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As suas errâncias escritas fazem-me lembrar, por vezes, um livro que acabei recentemente: "Danúbio", de Claudio Magris. Se o não conhece, recomendo-lho, cordialmente.
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