domingo, 14 de novembro de 2010

Os bailes da memória das noites no Serengeti

Quando me mandam para África, eu vou.

Não tenho por hábito discutir ordens e nada tenho contra a autoridade. Coisas!

Numa dessas idas, mais uma vez, senti quanto a imensão de algo grandioso, me deixa a pairar numa espécie de espaço-tempo cheio de partículas vulcanicas trazidas pelos ventos. Algo, dificil de definir para alguém dono de uma natureza densa e porosa como eu.

Respirava-se o calor do fim do dia, havia um silêncio salpicado aqui e ali pela suave brisa e eu tinha sede.

Sentei-me debaixo das acácias, cobri-me de camadas e camadas de sons de guitarras que faziam rodopiar as folhas enquanto, a mim, apenas me sustinham vivo.

Nesse preciso momento, paleontologicamente falando, eu que, algures na minha vida, devo ter feito um pacto com a gravidade, senti uma enorme vontade de trepar pelos ramos.

Não o fiz e continuei sentado, acompanhado pelas memórias, sempre à mão quando delas se precisa. Talvez por saber que aquelas que me dão motivos para acordar e que, sendo as mais voláteis, são exactamente as que mais se impregnam, adormeci.

Talvez consiga viver mais anos, agora que me movo a inércia.

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